Algumas pessoas estão tão acostumadas a jogar e competir,
que já não conseguem viver sem aquele ranço de querer ser o melhor. Não, não
digo que devemos nos diminuir, entregar a partida e acomodar-se na passividade
e inércia. Nem que não devemos melhorar
e desenvolver nossas habilidades e aptidões. Não é sobre isso.
Tampouco digo que não se deve competir, afinal, se estamos
aqui agora é porque somos fruto daquela corrida fantástica de espermatozoides,
cujo um deles, que deu origem a nossa vida, sagrou-se o grande vencedor. Mas
pensem, competição não deve permear os caminhos de nossas vidas.
Seria de nossa origem esta fixação em massa pelas
competições humanas?
Se me permitem uma reflexão, trazendo esta premissa aos
relacionamentos afetivos, me parece que tal comportamento é o que parece minar
relações outrora fortes, ou promissoras, ou ainda outras que mal germinam.
Caríssima amiga leitora, querido companheiro leitor, o que
tu andas fazendo em relação ao seu par, ao seu amor?
Posso dizer por mim, num primeiro momento, mas quero muito
ouvir de você aí do outro lado. Eu lhes falo que o amor se tornou uma doce e surpreendente descoberta. Ao abrir o peito e se jogar no desconhecido, somos
arremessados a um universo que ao mesmo tempo que é incrivelmente diferente, se
torna cada vez mais próximo, cada vez mais seu, mesmo que seja outro mundo,
mesmo que não seja eu.
As diferenças (ainda bem!), existem, e os atritos surgem.
Mas quando o respeito prevalece, a individualidade não é focada ao egoísmo e o
bem-estar mútuo é incentivado, derrotando assim o menor indício de
“competição”, que pode ser o germe de um catastrófico “duelo de egos”, aí o
amor transborda aquele limitado “eu”, e passamos a viver a mágica experiência
do NÓS.
Da menor coisa à
maior, tudo pode ser motivo de alegria e felicidade, mas para isso é preciso
estar disposto, e de peito aberto a navegar num mar que será sempre
desconhecido, haja vista que o simples fato de viver é cheio de surpresas. Que
dirá então o de viver o amor e se arremessar em um mundo tão particular de um
outro alguém?
E para viver um grande amor, que me perdoe o grande
“poetinha” Vinicius de Moraes pela paráfrase, afinal, ele versou de maneira
ímpar sobre a alma do amor (sim, amor é alma, é coração, fora disso não há como
brilhar a luz deste sentimento incomensurável), é preciso entrega e coragem ao
encarar desafios.
Sair do comodismo que se estava inserido, e se jogar no
oceano mesmo sem saber nadar. Suicídio? Ao contrário, é a vida em sua pura
essência, coragem de enfrentar a maré, as tempestades, o medo, tudo em nome do
autoconhecimento, da vida, de querer ser alguém um pouquinho melhor e somar com
alguém, não no sentido de acumular coisas, mas de compartilhar sonhos, desejos,
sorrisos e sim, lágrimas... que servirão para regar a sementinha da união, que
resultará em colheitas futuras...
Mas para isso, não se pode ter pressa... por mais que
estejamos na era do imediatismo, do fast food, fast life, fast, fast e fast, o
amor, ah, o amor... ele é construído a cada minuto... eu, que me julguei um
eterno náufrago no universo do coração, hoje sei que não há segredos, fórmulas
ou receitas. Existe construção diária, cotidiana. E muito embora eu ainda não
saiba nadar, eu me arrisco todos os dias neste mar, e não tenho me afogado,
muito menos perdido o fôlego, ao contrário. É um aprendizado diário... de mão dupla.
Aceitar que a perfeição não existe e que a pressa e ânsia em
encontrar um grande amor apenas irá nos afastar dele é um largo passo à sua
proximidade.
Eu tenho lido sobre o amor, escrito sobre o amor, e o amor,
ele tem me inspirado a viver de maneira mais leve, mais tranquila. Na verdade,
não é tanto o que eu tenho feito em relação ao amor, mas sim o que o amor tem
feito em relação a mim, neste caso, né? E sim, ele muda, revoluciona e
transforma. Inspira, dá força, emana luz em nossos passos, desperta aquilo que
temos de melhor, nos faz pensar sobre aquilo que ainda deixamos a desejar. É uma
experiência de vida que todos, todos nós devemos aproveitar.
E ele me ensinou a valorizar (e amar, sem que isso seja
redundante) até coisas que ao olhar menos atento, podem parecer banais e rotineiras, como escolher o que
iremos comer, a ida ao mercado, a compra de ingressos para o show da nossa banda
preferida de hardcore, as bronquinhas por não ter levado uma blusa, e tantas
outras coisas que fazem parte do universo particular de um casal que se ama.
Não é sobre disputa. É sobre unir mundos, ideias,
sentimentos. Não é sobre idealizar, é sobre se autoconhecer e assim, conhecer o
outro e tentar (sim, isso é muito difícil às vezes pois o ser humano ainda é
muito egoísta), se colocar no lugar dele, e compreender que assim como você,
ele tem seus momentos, suas dúvidas, suas dores, suas fragilidades.
Gratidão por tudo. E assim procuro seguir os dias. Obrigado por
dedicarem alguns minutos para lerem o que eu tinha para escrever.
Deus abençoe a todos. =)
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